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Osmar Milito - ...e deixa o relógio andar! - 1971


Osmar Milito. Pianista, cantor, compositor.

O músico paulista iniciou sua carreira acompanhando grandes nomes da nossa música, tendo como exemplo Nara Leão, Elis Regina, Maria Bethânia; dentre tantos outros, onde destaco o trabalho que realizou ao lado de Sérgio Mendes, quando a partir de convites para se apresentar no México, acabou por chegar aos Estados Unidos, vivendo lá por alguns anos.

Retornando ao Brasil, Milito seguiu acompanhando outros artistas, sendo que no ano de 1971 gravou seu primeiro álbum, este que apresento, e eis que de fato entramos na história...

O já renomado Osmar contou com músicos de primeira linha, somado a uma boa escolha de repertório; o que resultou no interessante álbum que vos apresento.

Mesclando canções nacionais e estrangeiras, temas instrumentais e outros onde além do próprio Osmar nos vocais, pôde contar com um jovem grupo vocal de nome "Quarteto Forma", que tinha em sua formação Marcio Proença, Flávio Faria, uma única e bela voz feminina a cargo de Ana Manhães e um jovem Eduardo Lage. Para quem não sabe, Eduardo Lage é o maestro e pianista da orquestra que acompanha Roberto Carlos há anos; sim! Você sabe quem é! (A não ser que não tenha visto os especiais do Rei ou suas aparições em programas de TV nos últimos MUITOS anos; pois se viu, sem dúvidas viu o hoje senhor de bigode que sempre está ao seu lado. É Eduardo Lage).

A faixa que abre os trabalhos é justamente a que da título ao álbum, composição de William Prado e Nonato Buzar, que assinou a direção do álbum. Uma canção suave, um vocal em perfeita sintonia, um sambinha daqueles que vale ouvir em um fim de tarde, de tão bonito.

A faixa dois é uma versão da canção "A Famous Mith", que é linda e certamente muita gente já ouviu, talvez não associando ao grupo que a gravou originalmente, os australianos do "The Groop", mantendo muito do arrajo original em um tema com total ares de anos 60, lembrando grupos conhecidos como "The Mamas & the Papas", em um folk com ares de R&B; contando com belos arranjos vocais, um piano marcante e um naipe de cordas, obra de ninguém menos que Luiz Eça. Não tinha como dar errado! Belíssima!

Mantendo o clima ameno, que perdura por quase toda a obra, seguimos com "Que Bandeira", composição de Mariozinho Rocha e os Irmãos Valle (Marcos e Paulo Sérgio), sendo que o primeiro participou também das gravações do álbum, sendo mais uma das estrelas do time de músicos responsáveis pelo trabalho.

Simples e cativante! Não vejo uma maneira melhor de descrever a doçura que ficou a canção.

Nesse jogo em que se intercala obras nacionais e internacionais, surge na faixa quatro a mundialmente conhecida e por muitos executada "Cantaloup Island", de Herbie Hancock. O tema instrumental tem como grande destaque o trompete do genial Marcio Montarroyos.

Novamente uma canção de autoria dos irmãos Valle, em uma curiosa versão instrumental, já que a original possui letra.

A dobradinha entre Marcos Valle e Osmar Milito, no comando de pianos, Fender Rhodes e órgãos; já faz a faixa valer ser ouvida com atenção. Sensacional!

"Chovendo na Roseira" do mestre Antonio Carlos Jobim, não ficou menos bonita do que já é! A versão de Milito é linda, manteve o nível, sendo na minha opinião uma das melhores regravações deste clássico da nossa música.

A faixa sete vem carregada de muita malandragem e um linguajar que não é difícil descobrir de quem é. Canção de Jorge Ben, um dos pontos mais altos do álbum. A versão ficou maravilhosa, para está que não faz parte das canções mais conhecidas do hoje Ben Jor, mas é ótima. Experimente também ouvir a versão original.

Depois da malandragem, "que é um barato", toda a classe em uma releitura de "What Are You Doing For The Rest Of Your Life" de Michel Legrand. Como já dito! Classe! A típica canção que se ouve em noites de glamour, posso até imaginar trajes de gala, garçons servindo bebidas finas, uma piscina... Uma viagem sem fim!

"To Rio For Love" é mais uma canção assinada pelos irmãos Valle, contando dessa vez com a participação de Osmar Milito na parceria. Mesmo tendo o título em inglês, trata-se de uma canção de letra em bom português que exalta a cidade maravilhosa. Um dos temas mais bonitos do álbum, uma construção harmônica diferenciada, de sumo bom gosto; contando com a interpretação impecável do Quarteto Forma.

Uma experiência que vale vivenciar, o tipo de canção que nos eleva a outro plano; por pouco não é capaz de tirar os pés dos apreciadores de boa música do chão.

Seguimos de "Mercy Mercy Mercy", canção que já foi gravada por grandes nomes da música internacional como o mago das baquetas Buddy Rich e sua Big band, assim como pelo grande saxofonista Cannonball Adderley e seu grupo; sendo a versão de Milito e sua trupe um pouco menos jazzística e contando com vocalizes do Quarteto Forma, encaixados em pontos específicos; dando um ar bem interessante a canção.

Já se aproximando da última faixa, eis que surge a canção que deu título ao primeiro álbum da fantástisca dupla Antonio Carlos e Jocafi, "Mudei de Ideia". Gravadas no mesmo ano, Milito até manteve a pegada samba que a dupla deu à versão original, mas investiu no piano, ao contrário do que fez a dupla que usou como base o violão de Antonio Carlos. O andamento da canção ganhou mais rapidez e de fundo se ouve bem as intervenções do naipe de cordas; ao contrário do ar minimalista cantado por Antonio Carlos e os vocais únicos de Jocafi. Não da para comparar, tendo em vista a dificuldade que é reinventar qualquer canção, em especial, dos dois primeiros álbuns da dupla. A versão de Milito ficou mais preenchida, com "mais informações".

Então tá! "Tá Falado" é a penúltima faixa do álbum, que assim como a última faixa "Joao Bello" (única faixa assinada apenas por Milito), são dois temas instrumentais, onde em ambos Milito "gasta" o piano, mostrando o motivo pelo qual ainda hoje é tido como um dos grandes pianistas da nossa música.

Na última faixa se nota variações de andamento e talentos individuais ficam mais evidentes, como é o caso de Chico Batera descendo o braço na percussão, assim como Pascoal Meirelles que não faz diferente dando uma aula de bateria; um já citado e inspiradíssimo Milito, além do show a parte oferecido pelos sopros, em especial mais uma vez um solo de trumpete daqueles que só entidades como Montarroyos, seriam capazes de fazer.

O álbum em um todo é muito bacana, pela versatilidade dos temas escolhidos, momentos amenos, momentos impactantes e eis que assim, em alto nível Osmar Milito lançou seu primeiro e excelente trabalho.

Músicas:

1- E Deixa O Relogio Andar (Nonato Buzar, William Prado) 2- A Famous Mith (Jeffrey M. Comanor) 3- Que Bandeira (Marcos Valle, Marlozinho Rocha, Paulo Sérgio Valle) 4- Cantaloup Island (Herbie Hancock) 5- Garra (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle) 6- Chovendo Na Roseira (Antonio Carlos Jobim) 7- Rita Jeep (Jorge Ben) 8- What Are You Doing For The Rest Of Your Life (Michel Legrand) 9- To Rio For Love (Marcos Valle, Osmar Milito, Paulo Sérgio Valle) 10- Mercy Mercy Mercy (Josef Zawinul) 11- Mudei De Ideia (Antonio Carlos, Jocafi) 12- Ta Falado (Ivan Lins, Ronaldo Monteiro de Souza) 13- Joao Bello (Osmar Milito)

Músicos:

Baixo – Sebastião Barros Bateria – Paschoal Meirelles Piano Eletric - [Fender Rhodes] – Marcos Valle, Osmar Milito Flauta – Altamiro Carrilho, Copinha, Luiz Eça Percussão – Chico Batera Piano, Orgão – Osmar Milito Sax – Mauro Senise, Oberdan Magalhães Trompete – Marcio Montarroyos Vocais – Quarteto Forma

*Arranjos de cordas - Luiz Eça


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