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Quando artistas de outros segmentos e a música se encontram.

Quem já se aventurou na música e você não sabia...

Falo muito da música como músico, como técnica, como desempenho, como arranjos e todos os elementos que formam um bom trabalho. Mas a música vai além disso.

Música envolve sentimento, como bem dizem "Quem canta seus males espanta", ou espanta quem está ao redor; mas muitas das vezes está valendo. Após o advento do "Karaokê", onde não se precisa ser nenhum fenômeno, vez ou outra, uma bebidinha a mais gera aquela coragem, que leva aquele antes indivíduo tímido e comedido, a pegar um microfone e mesmo com todas as suas limitações vocais (o que é normal se tratando de alguém que faz aquilo de maneira recreativa), a soltar seu "vozeirão" e arrancar meia dúzia de aplausos dos presentes, por vezes apenas dos amigos ou de todos os que estejam, ali apenas no intuito de também se divertir.

 

Temos alguns casos, na história da nossa música, que juro me intrigam e muito. Nem todo artista é multifacetado como Bibi Ferreira e a já saudosa Marília Pêra, que nasceram com o dom de cantar, dançar, atuar, encantar e tudo no mesmo nível.

 

É imenso o número de artistas, oriundos da dramaturgia, e também apresentadores e esportistas, que em um determinado momento, devem olhar para o espelho e dizer:

- Hoje, sei lá! acordei meio cantor(a) e vou aproveitar meu sucesso na novela, no programa ou no esporte "X" e lançar um disco.

 

E o pior é que as gravadoras entram nessa vibe maluca e acabam por nos "brindar" com algumas obras bizarras e que depois daquele estado de trânse, o próprio artista deve parar e pensar:

 

- Putz! O que eu fiz...

 

No ano de 1971, o já falecido ator Claudio Cavalcanti gravou um àlbum, impulsionado pelo avassalador sucesso da novela "Irmãos Coragem", era um galã cantante, mas será que ele mesmo gostou? Eu ouvi o álbum todo e vi um cara com certo grau de afinação, até por ter uma voz firme e bem postada, mas...

 

Regina Duarte foi outra artista que no auge do título de "A namoradinha do Brasil", acabou se aventurando no mercado fonográfico. Oportunidade, nada mais! Abraçou o momento e tentou fazer o máximo de trabalhos possíveis, inclusive esse compacto, contendo quatro canções, duas incluídas como temas de novelas das quais trabalhou.

 

Outro ator, já falecido, que também tentou a sorte de posse de um microfone foi o ator Paulo Goulart, lançando um compacto com duas canções que fizeram parte de uma novela, em que atuava, no então canal 9.

 

Miriam Rios, a eterna ex do rei e hoje nem sei mais se atriz, também tentou sua boquinha no mercado da música, uma pena...

 

O ator Eduardo Conte (por uma ironia do destino, também já falecido) lançou no ano de 1968 o álbum , onde o cara gravou uma canção de ninguém menos que o gênio Caetano Veloso, "De manhã", e creia ficou interessante. Esse eu aconselho que se busque no youtube e ouça. Tá aí um cara que talvez teria tido sucesso na carreira dupla.

 

 O grande Mario Lago, para a curiosidade de muitos, é o compositor da canção "Ai que saudades da Amélia" (em parceria com Ataulfo Alves) que creio todos já tenham cantado alguma vez e em algum lugar. Um sambinha clássico, que não pode faltar em uma boa roda de samba, só por aí já merece certo respeito, ele é o compositor de uma música imortal.

Mario gravou em 1978 o álbum "Retrato". Bem! Costumo dizer que partideiro não precisa ser dono de uma voz maravilhosa (tanto que se salvam raras excessões) e é fato que o trabalho do artista não comprometeu em nada, é até interessante.

 

Eu posso citar aqui "N" artistas que possuem álbuns gravados, Angelina Muniz, Lauro Corona, Elizangela, Glória Pires (sim, acredite! Nos tempos em que foi casada com Fábio Jr), Mario Gomes (misericórdia), Lady Francisco, Flávio Silvino...

 

Sem querer ser maldoso, mas... Em alguns casos, não que os citados sejam primorosos, eu sinto certa vergonha alheia e vejo que as gravadoras acabam abrindo as portas para o "inusitado" e abrindo mão de um investimento massivo em "N" talentos esquecidos e que mereciam a devida atenção.

 

Dado Dolabella, mais conhecido pelos escândalos, agressões e afins. Gravou no ano de 2003  um álbum de procedência duvidosa, a começar pelo título "Dado pra você", tendo como sucesso a canção "Vem ni mim", que francamente! Eu podia morrer sem jamais ter escutado. Juro que ao lado desse álbum, o Latino pode ser considerado o Chico Buaque.

No que se diz respeito a mico, e não me refiro ao mesmo "Mico de Circo" que da nome ao maravilhoso álbum de Luiz Melodia (lançado no ano de 1978), acho que os insuperáveis são a eterna "broto legal" Suzana Vieira que gravou em 2010 e de lá para cá segue "causando" e aparecendo de toda e qualquer maneira que pode, Celso Portioli, que em 1998 lançou o álbum "Tempo de Alegria", que é de uma tristeza só. Ana Maria Braga lançou em 2003 o álbum "Sou eu" que só de contar com a participação de Louro José, já da vontade de devolver o Brasil para os índios e pedir perdão.

Roberto Justus é um capítulo a parte, já que ele jura que é cantor, assim como o "Rei" Pelé que por uma ação de marketing medonha, gravou com Elis Regina a canção "Vexamão" e o nome já diz tudo (https://www.youtube.com/watch?v=963rMhBMxG0)

Bacana é a parte em que flui um diálogo em que Elis e Pelé conversando dizem:

- Canta, Pelé, me disseram que você toca violão tão bem

- Todo Lugar que eu chego, todo mundo quer que eu toque violão...

Elis que era tão exigente, a ponto de barrar o lançamento de um álbum, que é ótimo, e foi gravado no festival de Montreux, alegando que ficou uma merda e que técnicamente não a agradava (vindo a ser lançado apenas após sua morte, no ano de 1982), deve ter adorado gravar com Pelé...

Para fechar esse circo dos horrores, não há como deixar de citar o "sambista" Maguila e seu álbum " Vida de Campeão", lançado no ano de 2009. Bem! E quanto ao Gilberto Barros, ele mesmo, o apresentador "vulgo" Leão, faria caber mais um verbete, no dicionário, para a palavra BIZARRO!

 

Daí me vem a pergunta: Onde está a cabeça de um produtor que topa um lance desses?

Ao meu ver, deveria ser na fila do CAT, em busca de outro trampo...

 

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