Cilibrinas Do Éden - Cilibrinas Do Éden - 1973
- jonnnasci
- 13 de ago. de 2016
- 4 min de leitura

Vamos falar de tia Rita Lee! Como é do conhecimento de todos, ou quase, Rita Lee fez parte da formação original da mítica banda "Os Mutantes", muito sucesso, inovações, tropicália e... crises. Rita Lee, para que fosse emancipada, se casou com um dos irmãos Baptista (Arnaldo), que eram os parceiros de Os Mutantes e assim começou uma relação em que é nítido a paixão de Arnaldo por Rita, em alguns vídeos da banda o olhar de admiração e encantamento entrega, se Rita gostava dele? Acho que sim, que talvez... O antes trio, acompanhado pelo baterista Dinho Leme que só após certo período foi de fato visto como um "Mutante", logo ganharam a companhia luxuosa de Arnolpho Lima Filho, mais conhecido como Liminha, aquele mesmo, o super produtor. No início da década de 70, começou a pintar no Brasil com mais frequência o som da galera que pirava lá fora no Rock Progressivo. Arnaldo já andava surtando, abusando demais das drogas, seu casamento com Rita já não andava muito bem e a "desculpa" para limar a vocalista e alma da banda foi a de que eles gostariam de enveredar por sonoridades mais "complexas" como as de Genesis, Emerson Lake & Palmer, Yes; período esse em que saiu o "A e o Z", e que por conta disso não havia mais ali lugar para a menina Rita, que não era o primor de instrumentista que eram os demais componentes, mas era apenas a voz principal, o charme, o carisma, a beleza e o encanto da banda. Rita saiu, conforme ela mesma diz expulsa, entrou em uma ultra bad até que junto com a amiga Lucinha Turnbull (guitarrista, cantora e compositora), resolveram criar "As Cilibrinas do Éden", com uma pegada Rock/Folk; obra que será hoje apresentada aqui. Fica claro que esse foi o primeiro trabalho de Rita ao ser "demitida" de Os Mutantes. Um fato interessante é que esse trabalho foi o embrião da super banda "Tutti-Frutti" que acabou por acompanhar Rita em grande parte dos seus maiores sucessos, até que se iniciasse a parceria com aquele que viria a ser seu esposo, até os dias atuais, Roberto de Carvalho e o casal Rita & Roberto acabaram seguindo por outra vertente, de igual sucesso; afinal Rita Lee é um sucesso. O termo "Cilibrinas" já era usado nos tempos de Os Mutantes e tinha como significado "maconha, marijuana, bagulho, fino..." (vocês entenderam) e daí colocaram o "do Éden", puro deboche, bem a cara de Rita. O álbum é interessante, começa com um dos grandes sucessos da carreira de Rita, "Mamãe Natureza", que é versão mais bonita para a canção, com a voz da dupla se encaixando perfeitamente. Rita e Lucinha conseguiram um contrato com a Philips, indo de encontro os conselhos de André Midani (grande executivo do meio musical) de que ela seguisse de cara uma carreira solo. Vale lembrar que no processo de saída definitiva de Os Mutantes, a cantora gravou "Build Up" (1970) e "Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida" (1972) que já contava com participação de Lucinha, só que ainda eram álbuns 100% vinculados aos irmãos Baptista, que inclusive teve o primeiro desses dois trabalhos, produzidos por Arnaldo e Rogério Duprat, e o segundo era de fato um álbum de Os Mutantes, vinculados apenas à Rita por questões contratuais, já que o grupo já havia gravado um álbum no mesmo ano "Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets" (pequeno adendo, "baurets" era como Tim Maia chamava "maconha, marijuana, bagulho, fino..."). As meninas produziram um belo trabalho, mas muito acústico, muito folk e algo de muito ruim viria a acontecer e traria novamente Rita, de maneira ainda mais forte, para o caminho do Rock. As moças fecharam um contrato com a Philips, que era simplesmente a gravadora de 90% as grandes estrelas do cenário musical e por uma ironia do destino (ou sacanagem de algum filho da puta) convidaram as moças à apresentar o novo trabalho no grandioso festival "Phono 73" que reunia a nata da gravadora e adivinhe? Elas abriram para ninguém menos que Os Mutantes.
Foi uma chuva de vaias, vaias, vaias... A galera não curtiu esse lance mais acústico, mesmo tendo umas belas "guitarradas" e faixas boas como "Nessas Alturas Dos Acontecimentos", mas ainda estava leve demais, até por saberem o que estava por vir, Arnaldo e Sérgio Baptista, Dinho, Liminha e o super Rock Progressivo que faziam na época. Rita viu que não era esse o lance, recrutou o grande guitarrista Luis Sérgio Carlini e o baixista Lee Marcucci, roqueiros até a alma, e assim pintou o Tutti-Frutti (que também contava com a amiga Lucinha) e assim ficou esquecido o projeto Cilibrinas. Vale ouvir o álbum e ver uma Rita fazendo uma sonoridade diferente, em uma fase experimental, influenciada por Bob Dylan e cia, que não deu lá muito certo. Como já é costume, hoje tem gente que ouve o álbum, 43 anos depois, e tem orgasmos coloridos; mas na época Rita tratou foi de "segurar o seu", deu ao público o que queria, Rock and Roll e seguiu com o Tutti-Frutti, na que sem dúvidas foi, sua época mais roqueira, até mais do que quando ainda era uma Mutante.
Faixas:
1- Mamãe Natureza 2- E Você Ainda Duvida 3- Minha Fama De Mau 4- Gente Fina É Outra Coisa 5- Paixão Da Minha Existência Atribulada 6- Festival Divino 7- Bad Trip (Ainda Bem) 8- Nessas Alturas Dos Acontecimentos 9- Vamos Voltar Ao Princípio Porque Lá é o Fim