Milton Nascimento - Minas - 1975

Um tempo ausente! Assumo que estava com saudades de escrever um pouco, mas o corre da vida por vezes não nos possibilita fazer muito do que se gosta. Mas hoje é um dia especial, dia de um artista daqueles que de fato não existe sequer um adjetivo que possa de fato definir sua obra e importância na história da nossa música, hoje completa 74 anos o nosso Bituca, um dos gênios maiores e idealizador de um dos movimentos musicais mais fantásticos de todos os tempos, "Clube da Esquina". O que falar de Bituca? Mas de onde vem "Bituca"? Segundo um relato de sua irmã, em certa ocasião um amigo dos tempos de colégio foi até a casa de Milton e gritou por "Bituuuca", onde segundo a mãe de Milton perguntou: - Quem é "Bituca"? - Seu filho! - Mas por que "Bituca"? - Ah, porque ele é Botocudo, então para ficar mais carinhoso, Botocudo ficou Bituca. A partir desse inocente gesto se mostra o tamanho carisma de Milton, que foi adotado ainda com meses de idade, nascido no Rio de Janeiro, e posteriormente levado para Minas Gerais, onde tudo começou... Milton já teve sua voz comparada a um instrumento, tamanha a riqueza de seu cantar. Instrumentista, tendo inclusive atuado como contrabaixista em bandas de baile, chegando a tocar com Wagner Tiso, na cidade de Três Pontas/MG, onde morou antes de se mudar para o bairro de Santa Teresa, Belo Horizonte, local onde passou a conviver com a família "Borges", tido como mais um filho e sendo uma espécie de irmão mais velho de Lô Borges, Márcio Borges; assim como para os demais irmãos e mais um filho do senhor Salomão Borges e da senhora Maria Fragoso. Muito amigo de Márcio Borges, foram ao cinema em certa ocasião ver o clássico "Jules e Jim - Uma Mulher Para Dois", filme do ano de 1961, dirigido pelo grande cineasta francês François Truffaut; e saíram em êxtase. Naquele momento mais do que o fortalecimento de uma amizade, surgiu uma parceria. Bem! Eis que tudo começou! O então jovem Lô, Beto Guedes, Novelli, Toninho Horta, o saudoso letrista Fernando Brant; grande parceiro de Bituca, e tantos outros que foram se aproximando e eis que surge o "Clube da Esquina". Segundo um relato de Lõ Borges, em certa ocasião o grupo estava na mesma esquina de sempre, tocando violão, cantando; um amigo passou e disse e os convidou para ir a um clube onde todos os que tinham melhores condições financeira se divertiam; se tratando de um grupo de amigos onde todos viviam sem grana, alguém do grupo respondeu: - Nosso clube é aqui, na esquina! Márcio Borges adotou o nome e a cada vez que sua mãe o perguntava por todos a resposta era de que estavam na esquina, eis a origem do nome "Clube da Esquina". Influenciados por Beatles, Rock Psicodélico, Jazz; e mais uma infinidade de gêneros, eis que o grupo de amigos conseguiu criar uma sonoridade própria, unindo elementos e resultando nos maravilhosos e históricos registros não só dos dois volumes do álbum "Clube da Esquina" (sendo o primeiro épico), como em suas carreiras solo. Mas se estamos a falar de Milton, escolhi o álbum "Minas" do ano de 1975 que sem duvidas está dentre os maiores registros fonográficos da história da música mundial, creia! Não há exgaero algum em dizer isso. Creio que esse seja o álbum que defina o ápice da carreira de Milton. Cantando commo nunca, em um álbum repleto de clássicos como "Paula e Bebeto" em uma versão sem a letra, no "Lado A" do álbum, contando com um belíssimo coral de crianças e no lado B a versão com a letra, canção fruto de uma parceria com Caetano Veloso; "Fé Cega, Faca Amolada" (onde divide os vocais com Beto Guedes), "Beijo Partido" (obra maravilhosa de Toninho Horta), a emocionante "Saudade dos Aviões da Panair" (posteriormente gravada por Elis Regina em uma versão linda), "Ponta de Areia" a hipnótica canção "Leila", que é uma homenagem à sua amiga e atriz Leila Diniz, vitimada em um acidente aéreo. Normalmente costumo também abordar um pouco sobre a parte "técnica" do álbum, mas em álbum que conta com a participação de músicos como Toninho Horta, Novelli, Danilo Caymmi, Wagner Tiso, Beto Guedes, Paulinho Braga; dentre outros e toda essa carga de emoção, o cantar fabuloso da voz única de Bituca que consegue imprimir e cada canção elementos que as tornam indecifráveis, oníricas; nos levando a uma atmosfera que vai além do simples cantar, mas de fato tornar essa audição uma experiência única e diferente, mesmo depois de durante anos ouvir as mesmas canções.

Lado um "Minas" (Novelli) "Fé Cega, Faca Amolada" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) "Beijo Partido" (Toninho Horta) – 3:50 "Saudade dos Aviões da Panair" (Milton Nascimento, Fernando Brant) "Gran Circo" (Milton Nascimento, Márcio Borges) Lado Dois "Ponta de Areia" (Milton Nascimento, Fernando Brant) "Trastevere" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) "Idolatrada" (Milton Nascimento, Fernando Brant) "Leila (Venha Ser Feliz)" (Milton Nascimento) "Paula e Bebeto" (Milton Nascimento, Caetano Veloso) "Simples" (Nelson Angelo) (Em breve o link para download)