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Clássicos da MPB - Vozes Femininas - Parte I

Em mais um artigo, que será dividido em duas partes, trago mais uma leva de grandes álbuns, dessa vez a ideia é citar o que as maravilhosas vozes femininas já produziram ao longo da história da nossa música.

Temos a tradição de gerar mais cantoras do que cantores, dentro do cenário músical brasileiro, que são reconhecidas e até por conta disso não será nada fácil citar apenas algumas, mas claro que existem trabalhos que se destacam e a missão é mostrar um pouco da visão do site sobre esse tema.

 

Não da para agradar a todos e claro haverão questionamentos como:

 

- Como a cantora "Y" não está na listagem?

 

Eu já respondo:

 

Existem centenas de cantoras que emplacaram sucessos e possuem anos e anos de carreira. O critério adotado foi prezar por álbuns que em um todo tenham grande qualidade, englobando nisso repertório, músicos, produção e claro; que a cantora tenha realmente feito a obra se tornar realmente maravilhosa, daqueles álbuns que se ouve do início ao fim sem a necessidade de pular a faixa "X" ou "Z".

 

Muitas cantoras são lembradas por certas canções ao longo da carreira, mas algumas por uma canção de um álbum, duas de outro; e não pela produção em um todo de uma única obra, enquanto outras possuem vários álbuns que por conta da excelência do trabalho realizado, fica difícil eleger apenas um.

 

Bem! Tentei ser justo e espero que agrade...

 



 

Leny Andrade - Alvoroço - 1973

Leny é tida como a diva do Jazz no Brasil. Dona de uma voz firme e uma extensão vocal admirável, a cantora esbanja técnica em seus solfejos e pode ser facilmente comparada a nomes como Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan.


O álbum apresentado serve como um típico cartão de visitas sobre o talento imensurável da cantora.
As canções "Não Adianta", "Alvoroço" e " Sou Amor, Faço a Vida"; são os grandes destaques deste álbum de sumo bom gosto, gravação impecável e músicos de primeira linha; tudo à altura do que Leny é capaz de fazer.

 

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=MRA1V5sNh3s&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29&index=50

Vamos Que Eu Já Vou- Wanderléa - 1977

Wanderléa começou sua carreira no período da jovem guarda, tornando-se a "Ternurinha", por conta de sua, até então, voz suave e maneira comedida de cantar.

Durante alguns anos, foi casada com o multifacetado músico Egberto Gismonti, que produziu este álbum e conseguiu sepultar qualquer vestígio da antes "Ternurinha".

Talvez nem Wanderléa sabia do que era capaz, mas com olhos de lince, Egberto foi o responsável por uma tranformação que ao mesmo tempo que assusta, impressiona; mostrando o quão competente é a cantora, que saiu totalmente da sombra que a perseguia, o estigma da Jovem Guarda.

Em canções cheias de sintetizadores, arranjos minunciosos e um repertório diversificado, a cantora mostrou tamanha desenvoltura e versatilidade, como fica evidente na música que da nome ao álbum, a excelente "Vamos que eu já vou" e "Dança Mineira".

Quem só lembra da outra Wanderléa, vai se surpreender em ouvir essa...

 

Este álbum já foi publicado no site: http://www.vireovinil.mus.br/#!Wanderléa-Vamos-que-Eu-já-Vou-1977/czfb/2

 

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=VIiXf6q87yM&index=21&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29

Claudia - Jesus Cristo - 1971

Claudya, hoje com "Y", é sem dúvidas uma das vozes mais bonitas e cheias de recursos da história de nossa música; não é a toa que é a cantora brasileira com o maior número de prêmios internacionais da história da MPB.

Este álbum que tem como música título a canção "Jesus Cristo", de Roberto e Erasmo Carlos; é lindo em um todo, mas tem alguns pontos que literalmente impressionam, pela facilidade com a qual a cantora consegue fazer sua voz soar com a perfeição de um instrumento bem afinado.

Destaque para as canções "Ossain" e "Mudei de ideia", ambas de Antonio Carlos & Jocafi; Mais Que Perfeito (Abílio Manoel), Moeda Reza e Cor (Dom Salvador / Marcos Versiani) que conta com uma interpretação daquelas que arrepia; "Com Mais de 30 (Marcos Valle / Paulo Sergio Valle), que se já não bastasse a canção ser ótima, ganhou nova vida na voz de Claudya e por fim a impressionante "Baobá (Mário Albanese / Ciro Pereira) que... Não tenho palavras! Incrível? Pouco para definir o domínio e extensão vocal da cantora, impressionante.

Este álbum já foi publicado no site: http://www.vireovinil.mus.br/#!Claudia-Jesus-Cristo-1971/czfb/56913e2b0cf2165f76431ddd

 

A cantora também concedeu uma entrevista bem bacana ao site, vale conferir: http://www.vireovinil.mus.br/#!claudya/gxnsu

 

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=fUxJP1vBbLw&index=24&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29

Gal Costa - Índia - 1973

O álbum já causa um impacto inicial pela "polêmica" capa, ainda mais se tratando de uma obra lançada em meio aos "anos de chumbo".

Trata-se de talvez o maior clássico da carreira de Gal, um período pós-tropicalista onde a cantora começava a encontrar sua identidade musical.

A cantora dispensa maiores comentários. Nessa obra, destaco as canções "Milho Verde", a belíssima versão para "Presente Cotidiano" (Luiz Melodia); além de "Relance" e "Pontos de Luz".

Álbum essencial na prateleira, em especial dos fãs de Gal.

 

Link para Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=jEfM31fFx3o&index=51&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29

Evinha - Cartão Postal - 1971

A ainda menina Evinha, que tinha 20 anos quando o álbum foi lançado, há pouco mais de dois anos havia se desligado do "Trio Esperança", grupo formado com seus irmãos, sucesso na época da Jovem Guarda.

Este que é o terceiro álbum solo da cantora, mostra toda a doçura de sua voz, em um repertório escolhido com muito esmero, arranjos belíssimos e que caíram como uma luva na encantadora voz de Evinha.

Destaco as canções "Que Bandeira", a versão para "Feira Moderna" (Beto Guedes / Fernando Brant), "Cartão Postal", a pegada swingada de "Esperar pra Ver" e "Só Quero".

O álbum em um todo é lindo demais e já foi publicado neste site: http://www.vireovinil.mus.br/#!Evinha-Cartão-Postal-1971/czfb/567074b10cf24ae5e00a0662

 

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=cdc7ux9Rw9w&index=12&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29

Joyce - Feminina - 1980

Joyce mostra nesse trabalho o quão competente é como compositora, (todas as músicas são de sua autoria, algumas compostas só por ela e outras por meio de parcerias), como instrumentista, onde seu violão extremamente bem tocado é marca registrarda em sua carreira; assim como se trata de uma cantora de voz suave e cativante.

A canção que da nome ao álbum é belíssima, com destaque também para "Mistérios, "Clareana", composição em homenagem à suas filhas, sendo uma das mais belas letras que abordam o "ser mãe"; "Da Cor Brasileira (já gravada por outros artistas, mas que na voz de Joyce fica leve com plumas) e "Aldeia de Ogum, cheia de elementos que conta com uma introdução linda e um vocalize de extremo bom gosto que segue por toda a canção.

Vale muito ouvir e conhecer um pouco mais sobre a carreira dessa artista incrível.

 

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=VlwAON8Bd_w&index=52&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29

Maria Bethânia - Mel - 1979

É difícil escolher um melhor trabalho de uma cantora com todo o prestígio que tem Maria Bethânia, mas me arrisco a dizer que este álbum é a obra-prima de sua carreira.

O grande barato deste álbum é o repertório. Canções que parecem ter sido feitas sob medida para a voz de Bethânia (algumas até foram), talvez seja o trabalho mais intimista, além de ser repleto de hits de sua carreira.

A cantora já flertou com diversos gêneros, mas ao menos na minha opinião é bom demais ouvir Bethânia cantando os dois extremos de um mesmo sentimento. Da mesma maneira que consegue imprimir por meio de sua voz o real sentido da palavra "entrega", com o ar de quem vive o amor até sua última gota, o último respirar; é sensacional a maneira com que a artista consegue maltratar os corações sofridos, com canções que levam ao ápice do desamor, o estado pleno da fossa.

Mais do que cantar, Bethânia interpreta o que cada letra sugere, fazendo uso de sua voz peculiar soar ou como um alento ou como um algoz aos corações de quem a ouve.

 

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=Ex3-FCLzu0I&index=53&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29


Amelinha - Frevo Mulher - 1979

Me arrisco a dizer que o Nordeste é a nossa fonte mais profícua de talentos, que precisam a todo custo ser conhecidos e reconhecidos.
A cearense Amelinha é parte importante deste todo, carregando em suas canções a base cultural do sertão, as sonoridades que retratam o quão maravilhoso é este pedaço de Brasil.

A voz atípica de Amelinha é dotada de um "efeito" natural, um reverb que unido à potência e vigor com o qual interpreta suas canções, fazem deste álbum uma pérola.

Destaque para o maior sucesso da artista que da nome ao álbum, além de "Dia Branco" (Geraldo Azevedo / Rocha), "Galope Razante" (Zé Ramalho), a maravilhosa  "Coito das Araras" (Cátia de França) e "Pedaço de Canção" (Moraes Moreira & Fausto Nilo).

Além do talento de Amelinha, esse disco é composto por um ultra time de instrumentista, que vão desde Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e David Tygel (violões), passando por Arnaldo Brandão, Novelli e Paulo César Barros (Baixo), Picolé, Gustavo Schroter e Elber Bedaque (Bateria), Lourenço Baeta, Paulo Moura; além da galera da "Banda Black Rio: Oberdan Magalhães, Barrosinho e Lúcio J da Silva (criando um naipe de sopros da pesada), o saudoso Dominguinhos (Sanfona), o mestre Wilson das Neves, Chico Batera (mandando ver nos instrumentos de percussão), Luiz Sérgio Carlini e sua frenética guitarra; além de nomes com o eterno malandro Bezerra da Silva (tocando Zabumba); além da galera roqueira da banda "O Terço" e um coral de fazer inveja, formado por gente como Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Cátia de França & Walter Franco.

Não da para citar todos, mas só por aí já da para sentir a qualidade técnica do álbum...

 

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=8K0UOmATb70&index=54&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29

Zizi Possi - Pedaço de Mim - 1979

Zizi é conhecida pela belíssima voz, que se faz presente neste álbum que merece ser ouvido não só uma, mas várias vezes.
Uma artista extremamente técnica e que não pode deixar de constar em nenhuma lista das grandes do nosso país.

O álbum já começa com a canção "Fruto Maduro" que conta com um instrumental executado por ninguém menos que "A Cor do Som", dando todo aquele swingue só deles à canção, unido à voz de Zizi Possi, ficou irado.

Outros destaques desse belo trabalho, são a versão linda que Zizi interpreta da clássica canção, conhecida na voz de Beto Guedes; "Luz e Mistério" (Beto Guedes / Caetano Veloso), além da emocionante "Pedaço de Mim" (Chico Buarque), que conta com um banddolim lindo, tocado por Beto Guedes; que só aumenta o tom de tristeza que a letra pede.

Zizi é incrível, por isso ela está aqui...

 

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=pgQX1GiZb38&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29&index=55

Marisa Monte - Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão -1994

O nome deste álbum tem relação com as cores e não é a toa, pois é uma pintura em forma de melodia.
A voz de Marisa é de uma finesse incrível e neste álbum passeando por uma infinidade de gêneros, a artista consegue se mostrar competente em todos, não a toa é uma das cantoras mais cultuadas e aclamadas da nossa música.
Marisa é completa e leva este trabalho ao mais próximo do conceito de perfeição.

Destaque para aa belíssima "Maria de Verdade", "Ao Meu Redor", o choro "De Mais Ninguém" e sua minunciosa produção e a canção "O Céu", onde Marisa mostra o domínio que tem de sua voz, brincando com a arte de cantar em meio a variações tonais e abusando de seus mil e um recursos vocais.

Discaço!!!

 

Link para o Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=8OaQFH0wqo8&index=56&list=PLVqpnzWFdkZ1Ba1pWw_HMV51Mq51m2u29

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