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Antônio Carlos Marques Pinto

Da dupla Antônio Carlos & Jocafi

 

Claro que existiu uma certa apreensão inicial. Eu estava prestes a conhecer um músico pelo qual tenho tamanha admiração.

Fui até o local combinado munido de uma pequena "cola" em uma folha de papel.

 

Ao chegar, fui logo recebido por sua simpática esposa, que logo me indicou a porta que eu deveria abrir e lá encontrá-lo.

Ao abrir a tal porta,  me deparo com um Homem deitado em um sofá, dedilhando algo no violão e que de maneira rápida se levantou, me deu um abraço, abriu um sorriso e me oferereu o lugar ao seu lado. Ele não se portava como "artista".

Esse "artista" entre aspas é sim, a maneira pejorativa à qual alguns fazem questão de ostentar, mas ali não havia um tipo desses, mas sim o Antônio Carlos, que mesmo com toda a bagagem, com a grandiosidade de sua obra e o reconhecimento mundial, fez com que eu me sentisse tão à vontade que nos primeiros minutos de conversa eu já havia esquecido o tal rascunho. Falamos sobre "N" assuntos, de maneira tão natural que sequer vimos a hora passar.

Tentarei da maneira mais real possível relatar e mostrar a todos quem é o Antonio Carlos (que não admite ser chamado de senhor) e que ganhou minha admiração mais do que pelo grande artista que é, mas pela pessoa que tive a chance de conhecer. Digo para vocês, foi incrivel.

 

Essa entrevista será bem diferente. Faço questão de compartilhar não apenas de maneira escrita, mas sim partilhar com vocês, por meio dos áudios, como foi o clima da conversa, regada a muita música e declarações (algumas inéditas), muito bom humor e naturalidade.

 

Em alguns trechos o meio externo causou alguns ruídos no áudio, assim como o fato da conversa ter sido muito dinâmica, não permitiu cortes perfeitos; mas quem liga para esses detalhes, quando se tem a oportunidade de, literalmente, ouvir da voz do artista boa parte do que ele fez até hoje...
 

Essa entrevista será dividida em duas partes. Basta clicar e ouvir o que Antônio disse sobre uma infinidade de assuntos.

 

 

 

Vire o Vinil - Antes mesmo que eu fizesse uma pergunta, da maneira mais espontânea e simpática do mundo, Antônio contou algumas histórias e fez questão de falar, com muito orgulho, sobre o projeto que desenvolve com "seus meninos" (como ele diz), que se trata de uma orquestra de violões...

 

VoV - No início, de um lado eram você e Maria Creuza (esposa de Antonio Carlos na época) e Jocafi do outro.
Vocês eram meio que concorrentes, musicalmente falando. Como aconteceu essa junção que deu origem à dupla?

 

 

VoV - Eis que faço uma pergunta relacionada a Dorival Caymmi e Jorge Amado...

VoV - Você pode falar sobre a canção "Festa no Terreiro de Alaketu", que concorreu no festival de Música Popular e mesmo sendo muito boa não alcançou êxito? Se sentiu prejudicado por algo ou alguém?

 

VoV - A canção "Desacato" ficou em terceiro lugar no "Festival Internacional da Canção - 1971", mesmo tendo sido ovacionada pelo público.
Qual a importância dessa música na carreira de Antonio Carlos & Jocafi?

VoV - Em especial no primeiro álbum de vocês, que na minha opinião foi o ápice da música experimental baiana, cheia de influências, sonoridades diferentes, tinha ali um pouco de tudo, mas codificados de uma maneira muito "Antônio Carlos & Jocafi" de fazer música. Como era o processo de criação para canções que flertavam com uma variedade tão grande de gêneros?

Antonio Carlos - Era assim antigamente! Nos idos da década de 60, você ia para o "63", um daqueles puteiros da Bahia, onde tem até uma música nossa sobre, que fizemos falando de nós, do nosso convívio, Waltinho Queiroz... Lá tinha de tudo, você escutava de tudo.

 

 

 

VoV - Mas nem todo mundo conseguiu ter uma visão musical tão abrangente, sintetizar isso como vocês fizeram. Daí resta saber se ou por não querer ou por não terem conseguido...

Antonio Carlos - Como não se tinha quem copiar, cada qual tinha que achar um esquema seu e nós achamos o nosso.
Eu tinha o meu e Jocafi o dele, onde juntos fizemos aquele outro esquema e Lanny (Lanny Gordin, grande guitarrista e um dos precursores da guitarra elétrica no Brasil) foi importantíssimo nesse processo e você sabe, não se consegue nada se não se tem pessoas tão talentosas como tínhamos ao nosso lado, certo?! Isso ajudou muito. Lanny dá vida àquelas músicas...
Ele é fantástico!
Vou contar uma história sobre Lanny:

 

VoV - Os dois primeiros álbuns foram muito experimentais e eu gostaria de saber o motivo pelo qual se mudou tanto o estilo de vocês e... (Nesse momento, Antonio Carlos se antecipa, já havia entendido a pergunta que viria pela frente e responde...)

VoV - Eu vou te fazer uma pergunta que também fiz na entrevista com a Claudya.
Como foi ver o estrondoso sucesso que fez "Kabulerê", sendo usada como música incidental em uma canção do Marcelo D2?

VoV - Vocês tiveram muitos problemas em relação à censura?

 

VoV - Não há como deixar de falar sobre o clássico "Você Abusou"...

 

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