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Ritmos do Brasil:

A origem do forró e que diabos andam fazendo com ele...

Forró! Gênero que remete ao nordeste e que dia após dia ganha uma legião de seguidores. Podemos dizer que se formou uma tribo, na qual me incluo, que não resiste àquela combinação mágica e sensual, necessitando apenas de um triângulo, uma sanfona e uma zabumba, que realmente bate em sintonia com o coração; conduzindo casais a rodopiar uma noite inteira, seja em um salão, na praia ou onde quer que seja.

 

Curioso é dizer que o forró não teve, de fato, origem no nordeste. Fruto da colonização européia

(tendo como exemplo a "chula", originária de Portugal"), diversos gêneros foram sendo incorporados à cultura brasileira (em especial, nesse caso, nos estados nordestinos).

 

 Tudo teve como início a formação de trios, para animar festas no interior.

O belo e cativante sotaque característico do povo nordestino e canções, que em sua maioria, abordam tématicas extremamente regionais, contando as dores e sofrimento do sertanejo, quantos tiveram que deixar suas famílias, se aventurando na "cidade grande" ou simplesmente letras que relatam o cotidiano de um povo simples, mas feliz com o pouco que tem; transformaram esse apanhado de estilos europeus,  com essa"nordestinidade" maravilhosa, tornando o gênero um patrimônio cultural, hoje conquistando adeptos por todo o país.

 

Temos uma legião de artistas que representaram durante anos a real origem e mensagem do que veio a ser o forró e suas vertentes. Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro; Uma infinidade de "trios" que sempre carregaram a autêntica fórmula e não seria exagero dizer que também canções de protesto.

A partir do momento em que cantavam a tristeza da falta d'água, a morte do gado; dando também, de certa forma, um ar triste. Àqueles que mais do que embalados pela cadência do ritmo  por vezes doce e sereno e por outras dotado de vigor, conseguem interpretar a mensagem transmitida.

 

É claro e normal, na história da música, a mescla de gêneros e a criação de subgêneros que por muitas das vezes acabam em uma química perfeita, como o samba-rock, o samba-jazz; dentre outros, mas o forró é mais do que música, forró é cultura, identidade de um povo e assumo que dói bastante, ao menos pra mim, ver o rumo que o gênero anda tomando e o que as novas e futuras gerações conhecem hoje (e conhecerão no futuro) como forró.

 

Infelizmente imagino nomes como o de Marinês sendo esquecido, por conta da crescente fórmula comercial de mil e um grupos que se formam a cada dia e pensam apenas em uma usina de cifras, abordando temas que em nada lembram o cancioneiro nordestino. O abuso da vulgaridade (deixando claro que me vejo longe de qualquer espécie de puritanismo) muitas das vezes faz com que se esqueçam do quão galante, e sensual, é o desenrolar da dança onde o homem conduz a dama até que  dois corpos se encaixem em plena sintonia, a troca de olhares, o entrelaçar dos braços, o cuidado com o qual se toca à cintura e ao fim de cada dança aquele ar de fim de carnaval, onde o pierrot vê a colombina partir.

 

Em dias onde o sertão se encontra ainda mais seco, a estiagem dos rios é nítida, o gado segue sofrendo, o governo não da a devida atenção à população; vejo uma das maneiras mais poéticas e artísticas sendo deturpada, perdendo as vozes que em forma de versos deviam seguir à mostrar para todos que o nordeste existe e deve ser visto com carinho; mas não... Todos as cores de calcinhas, tipos de aviões, safadas e safados... O encanto do encontro da zabumba, triângulo e sanfona; ficando em segundo plano, dando a vez a linhas de baixo chatas e repetitivas, teclados que agridem os ouvidos e vocalistas que deixam a duvida se  estão cantando ou tendo um orgasmo.

 

Forró bom eram os dos tempos em que Gonzagão dizia:

 

"Minha vida é andar por este país

Pra ver se um dia descanso feliz

Guardando as recordações

Das terras onde passei

Andando pelos sertões

E dos amigos que lá deixei..."

 

(A vida do viajante - Luiz Gonzaga)

 

Vida longa ao verdadeiro forró...

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