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Cátia de França - 20 Palavras ao Redor do Sol - 1979


Já há algum tempo que quero escrever sobre esse trabalho. Tenho o hábito de botar o álbum para rolar e em cima disso o texto vai brotando, mas sempre que o faço com o som de Cátia de França, me vejo imerso na mais fiel atmosfera musical nordestina, ouço o álbum inteiro, entro em uma espécie de outro plano astral e me pergunto: - Como pode tanta gente não conhecer essa mulher, esse som, toda a versatilidade, conseguindo com tamanha veracidade retratar o Nordeste, por meio de suas origens e inspirações poéticas, tendo como um de seus grandes "mestres" o imortal Guimarães Rosa? E aí já era! Me levanto, fico com o som na cabeça, a duvida e indignação pulsantes e acabo por não escrever. Hoje, enfim, venho fazer justiça. Para quem não conhece, eis a paraibana Catia de França. Além de ser dona dessa voz forte, Cátia é uma excelente instrumentista, onde desde pequena toca piano, sanfona e violão; além de flauta e percussão. Teve como primeiro parceiro o poeta Diógenes Brayner e assim deu início a essa belíssima carreira musical. A cantora participou de festivais regionais, assim como chegou a excursionar pela Europa e chegou a realizar um trabalho em parceria com Jackson do Pandeiro, pouco antes do "pequeno notável" partir. O álbum que apresento hoje, foi o primeiro da carreira da artista, onde suas composições são todas com bases na obra de outro grande nome da literatura, o ilustre pernambucano João Cabral de Melo Neto. Esse eixo criado entre a literatura e a música, tornam o trabalho de Cátia riquíssimo. Sua voz carregada desse lindo sotaque típico de sua terra, é capaz de ir da embolada ao típico baião, transitando com tamanha facilidade por toda essa "nordestinidade" e suas riquezas. A gravação do álbum é impecável. Modas de viola, muitas sanfonas, uma grande diversidade de instrumentos, todos executados com tamanha competência; fazem desse trabalho um achado, impossível ouvir e não se apaixonar. Todas as faixas são composições de Cátia, algumas em parceria com nomes como o de outro ilustre nordestino, Xangai. Não me arriscaria a citar apenas uma canção a ser escutada com atenção, assim como não consigo ouvir apenas uma ou duas, fora da ordem que consta no álbum. A ideia que tenho é de que foram compostas para uma audição completa e justamente nessa sequência, assim como as grandes obras do rock progressivo, que chegavam a ter álbuns com faixas de 23 minutos; a diferença é que Cátia dividiu essa maravilhosa "epopeia nordestina" em atos (entenda como faixas) e nos presenteou com esse trabalho lindo. Lembre-se! Esse álbum é um presente, não faça a desfeita de deixar de aceitar e ouvir com muito carinho. Não me canso de dizer, o nordeste é lindo demais...

Faixas:

01. O bonde (Cátia de França)

02. Quem vai quem vem (Cátia de França) 03. Vinte palavras ao redor do Sol (Cátia de França) 04. Djaniras (Israel Semente/Cátia de França & Xangai) 05. Kukukaya - Jogo da asa da bruxa (Cátia de França) 06. Itabaiana (Cátia de França) 07. Porto de Cabedelo (Cátia de França) 08. Ensacado (Sergio Natureza & Cátia de França) 09. Coito das araras (Cátia de França) 10. Os galos (Cátia de França) 11. Sustenta a pisada (Cátia de França) 12. Eu vou pegar o metrô (Lourival Lemes & Cátia de França)EndFragment


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