Jaime & Nair - 1974

Este é um álbum daqueles que reserva grandes surpresas à primeira audição, também à segunda, terceira, quarta... Jaime Alem é um maestro, instrumentista, cantor e compositor; que iniciou sua carreira ainda jovem, na cidade de Jacareí, município do litoral norte de São Paulo. Acompanhado de outros artistas, inclusive a cantora Nair Cândia, com quem viria a se casar, formando assim a dupla "Jaime & Nair". Nair chegou a ser crooner de orquestras de baile, onde na década de 70, junto com Jaime, se mudou para o Rio de Janeiro, lançando no ano de 1974 o álbum que hoje apresento a vocês. Além do trabalho realizado ao lado do esposo, Nair atuou como vocal de apoio em trabalhos de músicos como Maria Bethania, Beto Guedes e Elba Ramamlho. O maestro Jaime, além de elaborar arranjos simples mas de uma beleza sem igual e ser dono de uma voz versátil e atípica, se encaixava perfeitamente com a melodiosa e encantadora voz de Nair, tornando a dupla uma perfeita junção, agraciando assim aos ouvidos daqueles que ouvem suas canções. O talento da dupla, logo chamou a atenção de gente como Edu Lobo e Dori Caymmi, que levaram ao conhecimento de Harry Zuckermann, então diretor da "Companhia Industrial de Discos" (CID), a nova e talentosa dupla, com as credenciais de seus "padrinhos musicais", logo recebeu da companhia o investimento necessário para que esta bela produção pudesse ser realizada. O álbum ficou um primor de trabalho, onde dez de suas doze canções são de composição de Jair. A resultante deste trabalho foi de extremo bom gosto, passeando dentre várias vertentes, mas sem abandonar uma das características da dupla, a valorização do típico cancioneiro nacional, indo de serestas à toadas; passando por ritmos que remetem ao nordeste, tudo com muito bom gosto. Arranjos simples, mostrando que por vezes "o menos faz mais", tornando assim o álbum leve, gostoso de ouvir; a qualquer momento. Como bons padrinhos que foram, o álbum conta com uma mensagem de Dori Caymmi, na folha que acompanha os créditos e as letras das canções: - "Eu ouvi durante a gravação e gostei muito. Nair, o canto afinado e sincero. Jaime, um músico nato e compositor. Os arranjos muito bem escritos, a musica brasileira. As influencias são validas. A cidade grande é dura, mas pára, pra ouvir boa música. Bem vindos a ela". Assim como na contracapa, há um bilhete, manuscrito por Edu Lobo, contendo o seguinte texto: "Estou sendo apresentado à tua música, meu caro Jaime, assim às pressas, de um fôlego só. E fico pensando em "falar" sobre o que eu ouvi, e principalmente ouvir você o que for preciso. Vale uma conversa - a crítica a gente deixa para os especialistas. De qualquer forma, não importa realmente o que eu ou alguém possa lhe dizer. O que importa mesmo é o que você vai fazer. Um abraço, Edu". As gravações contaram com uma viola de 12 cordas e de Pedal executada pelo próprio Jaime, Zé Roberto no órgão, Wilson das Neves na bateria, Cidinho na percussão; além da participação de outros músicos em diferentes faixas. Se Edu e Dori gostaram, não tenham dúvidas de que se trata de uma belíssima obra, mesmo tendo sido mais uma a ser esquecida nos arquivos da gravadora CID, que conta com uma infinidade de maravilhas da nossa música, como está, mas que não parecem fazer a mínima questão de relançar; um pecado... Mas está aqui, para quem quiser ouvir e se deliciar com a delicadeza e grandiosidade dessa grande obra "anônima".

Faixas:

1 - Sob o Mar

2 - Não Valia Tanto 3 - Samuel Arcanjo 4 - Névoa Seca 5 - Nigua-ninhas e Coco do Norte 6 - Das Minas 7 - Olhos Para São Paulo 8 - Reino das Pedras 9 - Sabiá, Diga Lá 10 - Boi-lê-lê 11 - Zabumba do Nego EndFragment