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Metrô - Olhar - 1985


Anos 80, os cultuados anos 80. Ainda hoje arrematam uma infinidade de seguidores em uma série, sem fim, de eventos focados para este período criativo, importante e por vezes bem humorado do nosso cenário rock nacional.

Algumas bandas seguem na ativa, mudaram o estilo, flertaram com as tendências que o mercado veio a impor no decorrer dos anos, para que pudessem assim se manter dentro do mercado fonográfico. Algumas outras ficaram eternizadas por um, no máximo, dois hits e que em sua maioria das vezes quem ouve desconhece o nome do artista ou banda, mas curtem o som e ainda hoje são sucesso garantidos nas pistas de dança.

Há uma banda em especial que na minha opinião teve início, sucesso estrondoso, uma série de hits e que acabou em meio ao período em que o rock oitentista seguia gerando frutos bons e ganhando mais e mais adeptos. Tudo que pude ler até hoje, não me levou a uma ideia de um final feliz e previamente combinado, mas talvez tenha sido bom, de alguma maneira, pois hoje eu vejo a banda "Metrô" como a grande ícone, fiel, a esse período de ouro.

Conforme já dito, muitos seguiram, alcançando, ou não, sucesso por meio de variações da fórmula simples e eficaz que tornou o gênero único. Com a "Metrô" foi diferente, ficou aquele gosto de "o que poderia ter vindo pela frente", ao mesmo tempo que todo fã que se preza, não deixa de ouvir esse álbum que citarei nessa postagem e podem dizer sem medo:

- Isso é o puro rock oitentista.

Nem sempre a banda atendeu por "Metrô". O nome inicial era "A Gota Suspensa", formada por amigos do colégio franco-brasileiro "Lycée Pasteur", localizado no estado de São Paulo. Lançaram um álbum, bem visto pela crítica, mas não ainda aclamado. A sonoridade antes muito progressiva foi ganhando outras formas, até chegar ao som que ganhou o público e ao nome que conhecemos, "Metrô".

Logo de cara, "Metrô" emplacou a inesquecível "Beat acelerado", mesmo que seja apenas o refrão, acho que todos um dia já ouviram na vida. Grandioso sucesso, isso por conta da competência de seus instrumentistas, uma boa produção, mas a "cereja do bolo" era sem duvidas a belíssima vocalista, que atende por Virginie e arrabatou corações, sendo vista como a mulher mais bela daquele período, uma musa.

Virginie está para a "Metrô", assim como Rita Lee esteve para "Os Mutantes", simples assim! Charme, carisma, beleza, talento; fórmulas que tornaram, sem dúvidas, a banda diferenciada e tão autêntica.

O som da banda, ao meu ver, tem um pouco de tudo que era bacana lá fora, em especial naquele período. The B-52s, Blondie, Human League, The Mo, Duran Duran; mas sem esse papo de plágio, já que por meio de tantas influências, conseguiram criar um estilo próprio e esse é o grande barato.

Tudo que se fazia, tinha um pé, ou talvez os dois, na New Wave ou New Romantic, que era a maior tendência e marca registrada de grandes bandas, em especial as internacionais, que fizeram sucesso na década de 80.

Em mais um momento, comparo Virginie à Rita Lee. Uma infinidade de histórias giram em torno do fim da icônica banda dos irmãos Baptista (Arnaldo e Sérgio) e de Rita, pois o que se sabe, de fato, é que os irmãos optaram por enveredar por outros caminhos, encantados com o som de bandas como Yes, Genesis e outras que faziam um rock extremamente progressivo, onde assim Rita perdeu espaço e até dizem que foi literalmente "convidada" a se retirar por não se encaixar no perfil de som idealizado naquele momento pelos instrumentistas. Ao que parece, com Virginie não foi muito diferente, e mesmo após o sucesso do álbum "Olhar" que emplacou vários hits, inclusive "Ti ti ti", composição de Rita Lee e Roberto de Carvalho, que serviu como tema de abertura para a novela global de mesmo nome da canção.

Há quem use a velha frase "em time que está ganhando não se mexe", mas a rapaziada da "Metrô" resolveu mexer e isso implicou na saída da bela moça de voz doce. Era o fim da era Virginie.

A banda tentou seguir adiante, com um vocalista, mas sem o sucesso esperado, enquanto Virginie seguiu com outro projeto, batizado de "Virginie & Fruto Proibido", que teve a canção "Más Companhias" na trilha de outra novela global, "Fera Ferida".

Viu?! E não é que as histórias batem? A diferença é que mesmo depois de muitos anos, para o deleite dos fãs, a banda anunciou recentemente o retorno aos palcos, com a formação original, enquanto no caso de "Os Mutantes", até hoje Rita Lee e Arnaldo Baptista andam em lados opostos da calçada, para que não haja a mínima chance de acabarem por se esbarrar, coisas da vida... Mas vamos lá! Falemos sobre o álbum "Olhar".

O álbum conta com todos os grandes clássicos da banda. Começa com a baladinha rock que da nome ao álbum, que é uma agradável canção que usa e abusa dos sintetizadores e conta com um ótimo trabalho da guitarra de Alec Haiat. A voz doce de Virginie da um ar encantador à canção, daqueles de fechar os olhos e deixar a voz da moça tomar conta dos ouvidos e invadir a mente.

A segunda faixa é uma das canções mais legais da banda, "Johnny Love", que tem uma pegada bem mais Hard Rock, uma harmonia bem trabalhada, em uma perfeita sintonia entre os instrumentistas, a voz de Virginie soando de maneira mais forte, mostrando a versatilidade da cantora. A canção conta com participação especial de Lèo Jaime e não se pode deixar de destacar o belo solo de guitarra que acontece após o refrão.

"Sândalo de Dândi" tem uma vibe mais eletrônica, ditada pelos sintetizadores que preenchem toda a extensão da canção. lembrando um pouco o trabalho de bandas como "Human League", ao mesmo tempo que as guitarras tem intervenções dignas de Andy Summers (guitarrista da banda "The Police").

Em "Melodix" o tempo quebrado torna a canção bem interessante em termos de harmonia, onde os vocais de Virginie e os backings vocals, lembram em muito as ótimas viagens musicais promovidas pela banda norte-americana "The B-52s", somados a um pouco do ar "soturno" da banda "Siouxsie and the Banshees". O final é interresante e inesperado, já que após toda essa atmosfera já citada, tudo termina com o som de uma "Big Band" de Jazz.

Um dos clássicos da banda, "Beat Acelerado", que antes havia sido lançado como single e atingido enorme sucesso, ganhou uma versão Bossa Nova para este álbum. A banda e sua vontade de inovar, conseguiram...

"Tudo Pode Mudar" é uma daquelas canções que agita qualquer ambiente. Um refrão fácil, que todos cantam e creio seja o maior sucesso da banda. Uma linha de baixo forte, marcante, a guitarra marcando o andamento, intervenções pontuais e cirurgicas dos sintetizadores, uma levada reta de bateria, que ao final do refrão sofre uma variação, a sempre bela voz de Virginie; e pronto! Sucesso! Simples assim!

A canção "Solução", tem elementos que levam a imaginar que houve muita influência do "Duran Duran", mas com o jeito "Metrô" de ser.

Fecho com a canção de Rita Lee e Roberto de Carvalho, que caiu como uma luva no estilo da "Metrô", tanto que no remake da novela, de mesmo nome da canção, foi regravada para o tema de abertura por Rita e não ficou tão legal. Essa é a canção mais enérgica do álbum! Um excelente trabalho coletivo, com destaque para as levadas de slap do contrabaixo, a vigorosa condução da bateria, os sempre presente sintetizadores e o peso da guitarra; bem! Quanto a voz de Virginie, sempre graciosa, como a própria.

Como dito! Muitas influências, mas uma abordagem própria e toda a alma dos anos 80. A banda "Metrô" conseguiu em sua curta trajetoria, conquistar uma legião de fãs, ter em seu histórico canções que marcaram a época e até hoje são lembradas e executadas .Ah,não se esqueça! Eles voltaram e tomara em breve estejam por aí, fazendo uma tour bacana e assim matando as saudades de quem conhece e se apresentando para aqueles que ainda não sabem o que é "new wave à brasileira".

Faixas:

1."Olhar" (Vincente França/Yann)

2."Cenas Obscenas" (Léo Jaime/Leoni/Metrô)

3."Johnny Love" (Alec/Yann/Joe)

4."Sândalo de Dândi" (Tavinho Paes)

5."Melodix" (Metrô)

6."Beat Acelerado" (Versão II) (Alec/Vicente/Yann)

7."Tudo Pode Mudar" (Joe/Ronaldo Santhos)

8."Hawaii-Bombay" (Fernando Naporano)

9."Solução" (Wagner/Metrô)

10."Stabilo" (Angelo Palumbo)

11."Que Loucura!" (Yann)

12."Ti Ti Ti" (Roberto de Carvalho/Rita Lee)

Músicos:

Virginie Boutaud - vocal

Alec Haiat - guitarra

Dany Roland - bateria

Xavier Leblanc - baixo

Yann Laouenan - teclados


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