Casa das Máquinas - Lar de Maravilhas - 1975
- jonnnasci
- 12 de jan. de 2016
- 3 min de leitura

Hoje é dia de Rock, daqueles que todo brasileiro que se diz roqueiro, precisa conhecer...
Casa das Máquinas foi uma daquelas bandas que conseguiu reunir excelentes músicos e tornar isso algo totalmente a altura de seus talentos individuais. Nem todas as reuniões de grandes músicos resultam em boas produções. Problemas como ego, espaço, solos mirabolantes...
Se isso existia no Casa das Máquinas, era muito bem administrado, pois de tão inventiva e "democrática", que era a banda, foi uma das primeiras a contar com dois bateristas em um mesmo palco, dando seu devido destaque a cada instrumentista.
A banda passou por diversas formações, mantendo o excelente nível técnico, até um trágico fim no ano de 1977. Houve uma apresentação na Tv Record, onde Simbas (segundo vocalista e que não participou da gravação desse álbum), seu irmão e alguns outros membros da banda, se envolveram em uma briga com funcionários da emissora. O resultado disso foi a morte do cinegrafista, envolvido na briga, alguns dias depois. Houve um processo sobre a banda, que se arrastou por cerca de sete meses, quando o baterista Netinho, um dos lideres e que não estava no dia do ocorrido, anunciou o fim.
A pegada dos caras era altamente progressiva com um ar psicodélico, com canções capazes de levar qualquer indivíduo a um outro plano astral. Os vocais bem elaborados e a produção e arranjos dignos das grandes bandas do cenário internacional.
O álbum começa com um som de alguém que caminha sobre um piso, fortes trovôes; antes de entrar o belo arranjo vocal e todo o bem elaborado instrumental, está canção se chama "Vou Morar No Ar". Destaque para o uso dos sintetizadores que cria uma atmosfera totalmente espacial, os vocais (conforme já citado) e as dobras, muito bem elaboradas, pela guitarra do grandioso Piska (que tocou com gente como Elis Regina e Ney Matogrosso, depois fez sucesso como produtor no cenário sertanejo; infelizmente falecido no ano de 2011) e do baixista Carlos Geraldo.
A segunda canção é a que da nome ao álbum. Tem uma pegada mais leve e é iniciada com um belíssimo violão solo (que lembra muito o trabalho de Steve Howe, guitarrista da banda Yes, na canção "Mode for a Day, do álbum "Fragile", ano de 1971). Quem ouve o que vem após, imagina uma canção realmente sem muitas surpresas, onde mais uma vez os arranjos vocais são muito bem elaborados e se ouve o violão marcando algumas notas, bem de fundo, uma guitarra distorcida e os sintetizadores; responsáveis pela condução do que parece não passará daquilo, um belo solo de Piska em contraponto com os sintetizadores; até que... Eis que se iniciam inúmeras variações rítimicas, de uma precisão impressionante, pura sincronia e técnica, mudando totalmente a característica inicial da canção. Sonzeira!!!
Ao chegar na quarta canção, "Astralização", é hora de desligar todo e qualquer som ou ruído ao redor, se desligar do mundo e entrar na impressionante atmosfera que essa canção carrega. Apertem os cintos que vai começar a viagem, pode escolher para qual galáxia deseja ir, pois em solo terrestre eu garanto que não da para ficar. Os caras piraram demais nessa música, demais, demais, demais... Chega a ser lúdico e impossível tentar traduzir as sensações que essa canção causa. A música começa com as guitarras abusando de uma técnica chamada de "Hammer on" (que consiste em não utilizar a mão direita e criar uma sonoridade apenas fixando o dedo indicador em uma nota e "martelando" a mesma corda, em outra nota), seguido de uma dobra animal envolvendo a trupe toda, até que se chega no momento em que a nave decola e aí, já era... Só curtir...
A quinta canção, "Cilindro Cônico", é uma das minhas favoritas do álbum. A letra é bem interessante e reflexiva. Tem uma pegada mais Hard Rock, destaque para as baterias, sintetizadores e a mais uma vez a guitarra de Piska.
O álbum é interessantíssimo, tem ainda uma canção chamada "Vale verde" que é linda demais. A letra é emocionante, altamente pacifista e de quem busca um mundo melhor. Pode até parecer clichê, mas vem embutida da sonoridade do Casa das Máquinas e por conta disso, vale a pena ouvir e refletir.
Depois de tantos anos a banda voltou a ativa, com uma formação que mantém apenas dois membros, das clássicas da década de 70, seguindo até hoje na estrada.
Faixas:
01 - Vou Morar No Ar 02 - Lar Das Maravilhas 03 - Liberdade Espacial 04 - Astralização 05 - Cilindro Cônico 06 - Vale Verde 07 - Raios De Lua 08 - Epidemia De Rock 09 - O Sol Reflexo Ativo
Músicos:
Aroldo: 1º vocal, guitarra e violão.
Carlos Geraldo: 2º vocal e baixo.
Pisca: 3º vocal, guitarra e violão.
Marinho Testoni: teclados.
Netinho: bateria e percussão.
Marinho Thomaz: bateria e percussão.
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