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Tavito - 1979


O cantor, instrumentista e compositor; Tavito, faz parte daquela galera boa de o "Clube da Esquina", tendo inclusive participado das gravações do icônico álbum de MIlton Nascimento, Lô Borges e todo o "expresso músical" mineiro, que no ano de 1972, com o lançamento do álbum, certamente reescreveram a história da música popular brasileira, trazendo muito mais técnica e músicos, como Beto Guedes, os já citados Lô Borges e Milton Nascimento, Toninho Horta e o próprio Tavito, que ainda hoje estão por aí fazendo muita coisa boa

Tavito fez parte de outro grupo clássico e que também pela qualidade técnica, deixou seu nome marcado na MPB, "Som Imaginário" (Inclusive já citado nesse mesmo site).

O álbum citado nesse artigo, foi o primeiro solo da carreira do artista. Venhamos e convenhamos, ele já tinha todo um histórico a seu favor e provas reais de seu talento, mas como seria bom se todos os artistas tivessem um primeiro álbum maravilhoso como é esse.

Imagine um álbum MUITO bem produzido, com um time de músicos invejável e um ar de nostalgia, daqueles que ao se ouvir se remete à tempos que foram ou até mesmo não vividos.

A riqueza harmônica desse álbum é rara, com solos perfeitos, notas cuidadosamente encaixadas nos seus devidos locais e um afinadíssimo coro, contando com vozes como as de Jane Duboc (cantora também conhecida pela carreira solo), Regininha (Umas e Outras); dentre outras belas vozes que dão um toque especial e extremamente melódico a essa obra.

Este é um álbum que se pode considerar um "Lado B, com ares de Lado A" da MPB, algumas das canções são velhas conhecidas, nas vozes de outros artistas, onde a maioria das pessoas sequer imaginam que são assinadas por Tavito e um excelente time de parceiros.

O álbum começa com a canção "Cowboy", que é um espetáculo proporcionado, em especial pelas guitarras (Tavito e o eterno Mutante Sérgio Dias), um naipe de cordas com intervenções cirúrgicas, atuando em conjunto com a qualidade do já citado coro e o baixo do magistral Jamil Joanes, que faz a canção pulsar de uma maneira única.

A segunda canção é um marco da história da nossa música, mas que muitos não associam a obra ao seu verdadeiro "criador". estamos falando da canção "Rua Ramalhete" (Ney Azambuja, Tavito), imortalizada, também, na voz de Byafra. A versão de Byafra (talvez até mais conhecida) é muito boa; mas a versão original é perfeita. Mais uma vez méritos para o coro (que talvez tenha sido um dos pontos mais altos desse álbum, em todas as canções com intervenções que são fruto de arranjos de sumo bom gosto), a dobradinha entre o violão de Tavito e a guitarra de Sérgio Dias (que executa em determinado momento um solo lindo, daqueles que invade a alma) e a linha de baixo, com levadas estratégicas de slap, do grande Alexandre Malheiros (Azymuth) e o naipe de metais, capitaneado por Marcio Montarroyos. Não havia como essa combinação dar errado e o resultado não podia ser diferente do que se pode ouvir.

A terceira canção é "Você me acende" (Erasmo Carlos). A versão original é um mix de Blues com Swing (estilo de jazz popular na década de 30); Já a versão de Tavito (que me agrada muito mais), tem na primeira parte uma deliciosa harmonia que lembra muito o Stevie Wonder dos tempos da Motown, onde em determinado momento tudo muda e o flerte com a Disco Music, sucesso absoluto entre meados e final da década de 70, dão um toque especial à canção. O naipe de metais e o baixo de Alexandre Malheiros, mais uma vez roubam a cena; Quanto ao coro? Sempre perfeito...

A canção "Cravo e Canela" (que foi originalmente gravada no álbum "Clube da Esquina", (contando inclusive com a guitarra de Tavito), foi repaginada e ganhou um andamento um pouco mais rápido. Uma introdução breve, que conta apenas com o baixo de Calheiros, o violão de Tavito e o piano (que acredito tenha sido gravado por Gilson Peranzzetta), seguido pela marcação coesa da bateria de Paulinho Braga. Em determinados momentos, lembra muito o arranjo original, isso se não fosse o momento mágico onde o coro (não tenho mais palavras para descrevê-lo) surge com um vocalize lindíssimo, acompanhado apenas pelo triângulo, um discreto violão e o piano (nessa parte vale usar o "repeat" e ouvir inúmeras vezes). Se acabou? Não! Ainda tem um trecho em que há uma belíssima moda de viola e se encerra com o coro repetindo o refrão, uma maravilha!

Na canção "Naquele Tempo", fica evidente a utilização de "Hey Jude" (The Beatles) como música incidental. Em determinado momento o coro realmente canta o famoso "na na na na na... Hey Jude", acompanhado da guitarra distorcida de Sérgio Dias, o que mesmo assim de maneira alguma a torna uma música "mais do mesmo".

A música "Começo, meio e fim" (Ney Azambuja, Paulo Sergio Valle e Tavito) é extremamente conhecida, mas na voz do grupo Roupa Nova. Quase ninguém sabe que a obra também tem o dedo do talentosíssimo músico mineiro.

Para fechar o disco com chave de ouro, Tavito nos presenteia com uma canção que é parceria sua com o grande Zé Rodrix, "Casa no Campo", gravada e eternizada tanto pelo próprio Zé, como também por Elis Regina; versões lindas, mas não se comparam ao que foi feito nesse álbum... A versão é de arrepiar, toda à capela junto com o magnífico coro, que sem dúvida é

a alma de toda essa obra, sem é claro deixar de lembrar do timaço que gravou, sob regência de Eduardo Souto Neto.

Pense em uma obra grandiosa... Essa se encaixa perfeitamente nesse conceito. O disco é lindo de A à Z, todo o cuidado, a delicadeza e técnica empregada nessa gravação, tornaria fácil essa obra como uma das mais respeitadas e bem produzidas da história da nossa música, pena que a maioria não conheça... Ouça e tire suas próprias conclusões...

Faixas:

A1 - Cowboy

A2 - Rua Ramalhete

A3 - Voce Me Acende

A4 - Longe Do Medo

A5 - Cravo E Canela

B1 - Naquele Tempo

B2 - Começo, Meio E Fim

B3 - A Ilha

B4 - Coração Remoçado

B5 - Casa No Campo

Músicos:

Coro – Flavinho, Jane Duboc, Marcio Lott, Regininha

Baixo – Alexandre Malheiros, Jamil Joanes (faixas: A1, A4, B2)

Metais – Roberto Marques, Silvio Barbosa

Metais(Trompete) – Marcio Montarroyos

Direção e produção – Marcio Moura

Bateria – Paulinho Braga

Bateria e percussão – Mamão

Engenheiro de mixagem – Andy P. Mills

Regência – Eduardo Souto Neto

Piano – Eduardo Souto Neto, Gilson Peranzzetta

Cordas – Aizik Geller, Alceu Reis*, Arlindo Penteado, Ernani Bordinhão*, Frederick Stephany, Jorge Faini, Jorge Kundert, Jose Alves*, Joao Daltro*, Paschoal Perotta*, Virgilio Arraes*, Walter Hack

Trompete – Maurilio Santos*

Guitarra, Guitarra doze cordas, violão – Sergio Dias

Vocal, Violão, Guitarra – Tavito


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