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Terreno Baldio - Além das Lendas Brasileiras - 1977


Terreno Baldio - Além das Lendas

Ingredientes

- 1/2 kg de Gentle Giant (banda norte-americana, um dos ícones do rock extremamente progressivo e experimental)

- Uma pitada de sanfona, zabumba e triângulo

- 1/4 de Mutantes

- Cinco gotas de música erudita

- 2 xícaras de Som Imaginário (banda de Rock, nacional, já citada nesse site)

- Duas pequenas porções de Chico Buarque e Francis Hime

- 3/4 de Clube da Esquina

- 2 colheres de chá de "Tower of Power" (banda norte-americana. Uma das mais influentes dentro do cenário "Fusion" e "Jazz Funk")

- Uma colher de chá de "Secos & Molhados)

- Duas raspas de "Yes" (banda inglesa. Uma das mais técnicas e aclamadas do Rock Progressivo)

- Um punhado de Novos Baianos

- Uma pequenina dose de bolero

- Um sachet de Ennio Morricone (grande maestro e compositor, responsável por grante parte das trilhas do cinema italiano das décadas de 60/70)

- 1/2 copo de "Quarteto Novo" (grupo do qual fez parte Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte, Airto Moreira e Théo de Barros)

- Um cálice de "Azymuth" (grupo brasileiro, de renome internaconional, conhecidos pela pegada funkeada e canções de difícil execução)

- Dois pacotes de "Quinteto Violado"(grupo regional pernambucano, dos grandes responsáveis pela difusão da música nordestina na década de 70)

- Doses, sem restrições, de crendices populares e bom gosto

Mais ou menos assim, eu definiria o som dessa banda paulistana, que teve seu embrião surgido nos tempos de colégio, mas na verdade nem há como se definir.

Tendo em vista a quantidade de abordagens, a versatilidade técnica de cada componente e o fato de não haver nenhum pudor ou receio de inovar (em arranjos que flertam com todos os gêneros e grupos citados acima), à favor de mostrar de maneira simples, e por quê não dizer, didática, alguns dos personagens mais conhecidos do folclore popular, dita por alguns como reais e que existem até relatos de quem já se deparou com tais.

Sem dúvidas é um dos trabalhos mais inusitados, inovadores e bem executados; que ouvi ao longo de todos esses anos. Me recordo da primeira vez que ouvi esse álbum, por volta de cinco anos atrás, achado no "Youtube" por um "acidente", onde o nome me despertou tamanha curiosidade e fui agraciado com esse trabalho que eu não conseguiria definir, mesmo com tamanho esforço.

É impressionante, como ao ouvir esse álbum algum riff, solo; como cada linha de baixo, condução da bateria, dobras, e execuções extremamente rápidas. em algumas passagens, me faz ter a CERTEZA de que já ouvi algo parecido, seja produzido antes ou depois desse álbum.

As fontes das quais eles beberam, ficam muito evidentes; Mas daí a saber se muito do que ainda hoje se ouve, foi criado por quem já ouviu esse álbum, ao menos uma vez, é impossível, mas não duvidaria muito...

Dentre as surpreendentes harmonias e um vocal que carrega uma quantidade imensa de elementos, o que justamente o mantém em sintonia com as mais loucas viagens harmônicas; torna difícil a idéeia de citar apenas algumas canções, mas a que abre o álbum é SURPREENDENTE, "Caipora". A canção começa com uma flauta e alguns instrumentos de cordas, onde do NADA... Eis que uma levada de bateria (conduzida basicamente pelo bumbo, contratempo e caixa), uma arquitetura de acordes executada por uma guitarra de maneira quase que contínua, seguido de um órgão hammond, quando em cada virada e alternância de estrofe, em determinado momento, eles executam uma dobra perfeita que soa maravilhosamente.

Se já não bastasse dar tamanha carga de criatividade à "Dona Caipóra", em um determinado momento surge uma dobra e entra um solo de violino... Explosão cósmica! Reza a lenda que caipóra gosta de fumo de rolo, mas duvido não gostar ainda mais dessa canção, caso venha ouvir um dia.

As canções "Saci Pererê" (que faria o matreiro menino de uma perna só dançar ou até andar de patinetes, de tão feliz por conta da homenagem) e a levada quebrada de "Lobisomem" (que faria o peludo uivar até em manhã de sol); estão dentre todas as ótimas, que constituem o álbum, mas destaco uma versão bem interessante para a canção "Passaredo" (Chico Buarque / Francis Hime) que se inicia com um contraponto entre um baixo grave e pesado e um piano, até que entra uma guitarra bem clean, mudando o andamento da canção a partir do momento em que se entra a letra, Ficou genial!

A Rede Globo cogitou usar como tema de abertura do seriado "Sítio do Pica pau Amarelo", a canção "Saci-Pererê, mas foi considerada de "difícil audição" (Sei...), e acabaram por escolher o tema de Gilberto Gil.

Se trata de uma obra prima, daquelas que certamente existem poucas cópias por aí. Vale ouvir e tentar, de alguma maneira, associar o que se sabe sobre as figuras míticas citadas, ao que se ouve. Eu tentei e assumo que a experiência foi ótima....

Faixas:

00:00 . Caipora 02:40 . Saci-Pererê 05:55 . Passaredo 08:53 . Primavera 12:20 . Lobisomem 17:46 . Curupira 22:50 . As Amazonas 26:35 . Iara 30:12 . Negrinho do Pastoreio

Músicos:

Lazzarini: Piano elétrico, Teclados, Clavinete, Órgão Mozart Mello: Guitarra, Violão Rodolfo: Baixo Jô: Bateria, Percussão Fusa: Voz, Flauta, Percussão Peninha: Efeitos Músicos convidados: Nelson Gerab: Violino (fxs. 1, 9) Fábio Gasparini: Cello (fx. 9) Cláudio Bernardes: Baixo acústico (fx. 9) Arranjos: Terreno Baldio


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